Após ser citado entre os responsáveis pela má gestão do Instituto de
Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev) em relatório de sindicância
divulgada pela atual administração, o deputado estadual Eduardo
Siqueira Campos (PTB) – que foi presidente do conselho de administração
do órgão -, fez duro discurso contra as acusações na manhã desta
terça-feira, 19, durante sessão da Assembleia Legislativa. “Não fui
ouvido, nunca recebi um ofício”, questionou o parlamentar.
O petebista afirmou que não fará “cara de paisagem” quando for atacado.
Eduardo Siqueira questionou ter sido citado pelo relatório, mas não foi
procurado para se defender. “A divulgação de uma sindicância ontem
[segunda-feira, 18] me causou surpresa, pois não fui ouvido, nunca
recebi um ofício, nada. Talvez a sindicância não seja o local para se
apontar o contraditório, mas logo no início a sindicância alega que se
utiliza da prova indireta, por meio do raciocínio lógico-dedutivo”,
relatou.
Eduardo Siqueira reafirmou que nunca foi consultado sobre qualquer
aplicação do Igeprev e rechaçou a afirmação de omissão na presidência do
conselho de administração. “O conselho sempre teve um presidente
comandando as reuniões na forma como determina o estatuto do Igeprev”,
destacou. “Vou acompanhar, vou responder sempre que for citado e não vou
pecar pela omissão”, acrescentou.
O parlamentar afirmou ainda que vive na região onde é o Estado do
Tocantins há 50 anos e se chegou até esse estágio na vida pública sem
nenhuma condenação é porque tem consciência do que faz e honra seu nome e
o povo que representa.
Exemplo nacional
Eduardo Siqueira também citou o fato da presidente Dilma Rousseff (PT),
enquanto presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, ter
dirigido a reunião que definiu a compra da refinaria de Pasadena, e
ainda ter assinado a ata e homologado a decisão do conselho, e mesmo
assim, foi eximida de qualquer culpa pelo Tribunal de Contas da União
(TCU), por este entender que a decisão do negócio foi um ato de gestão
da presidência da Petrobrás.
O deputado utilizou do fato para comparar a atuação do conselho do
Igeprev com as decisões da gestão do órgão sobre as aplicações de
recursos. Ainda assim, Eduardo Siqueira deixou claro que as atas do
conselho comprovam que o órgão jamais foi consultado sobre as
aplicações.
Eduardo também questionou a credibilidade da atual gestão à frente do
Igeprev, cujos membros possuem condenação e bloqueio de bens. O
Parlamentar também destacou que a sindicância omitiu informações acerca
de aplicações que já tiveram condenações referentes às gestões
anteriores do governador Marcelo Miranda.
Sindicância
O relatório da sindicância feita no Instituto de Gestão Previdenciária
do Tocantins (Igeprev) foi apresentado ao governador Marcelo Miranda
(PMDB) no fim da tarde de segunda-feira, 18, pelo presidente do órgão,
Jacques Silva. O documento responsabiliza seis ex-gestores pela má
aplicação de recursos no total de R$ 1.176.842.671,64 entre os anos de
2011 e 2014, com prejuízo consolidado de R$ 263.648.310,47. Entre os
citados estão o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (PTB).
De acordo com Jacques Silva, o primeiro investimento em fundo temerário
– dentro do período investigado - foi realizado no dia 14 de março de
2011. O atual gestor afirma que a aplicação no valor de R$ 10 milhões,
no fundo Patriarca, foi feita por decisão de Edson Santana, sem o aval
da presidente na época, Lilian Aparecida de Melo Campos.
O atual gestor do Igeprev informou que Lilian Aparecida de Melo Campos
questionou o tipo de aplicação e levou a situação ao conselho de
administração, na época presidida por Eduardo Siqueira Campos. O atual
deputado, segundo Jacques Silva, deu respaldo à atuação de Edson
Santana. A então presidente insistiu em contestar o investimento e
formalizou ofício pedindo a exoneração do superintendente, entretanto, a
mesma foi demitida do órgão, situação considerada “estranha” pelo
relatório.
Recomendação
Ainda foram responsabilizados Gustavo Furtado Silbernagel, Edson
Santana, Rogério Villas Boas e Francisco Flávio Sales Barbosa. O
relatório da sindicância, entregue à Procuradoria-Geral do Estado (PGE),
recomenda a propositura de ações por improbidade administrativa com
pedido reparação de danos contra os citados.
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