A derrota governista na eleição da mesa diretora da Assembleia
Legislativa, em que os "independentes" venceram os sete dos sete cargos
em disputa, pode acabar no Judiciário. É o que afirmam o candidato
derrotado à presidência Eli Borges (Pros) e o deputado Valdemar Júnior
(PSD), o primeiro a levantar a suspeita de marcação nas céduas de
votação entregues pelos deputados de oposição, mesmo a votação sendo
secreta, portanto, sem a possibilidade de associar determinada cédula a
qualquer deputado votante.
Escrutinador das eleições realizadas neste domingo, 1º de fevereiro, o
deputado Valdemar Júnior foi o primeiro a pedir que constasse em ata a
existência de marcações nas cédulas e que todo o material da votação
fosse lacrado e estivesse à disposição dos deputados governistas.
Ele garante ter notado uma sequência de marcações nas cédulas de votação
dos oposicionistas. "Tinha solzinho, um "x" desenhado de maneira
específica, um "y" desenhado no canto esquerdo, tinha quadros pontuados,
outros totalmente riscados e as mesmas marcações em todas as cédulas,
até o momento que foi aventada a possibilidade de haver essa
continuidade", afirma.O parlamentar diz que o grupo da base governistas vai se reunir durante a
semana para discutir qual medida vai ser adotada, se administrativa ou
mesmo uma ação judicial. "Vamos tomar as providências necessárias dentro
daquilo que o grupo entender que deve tomar, o grupo vai sentar e
discutir o melhor caminho".
O candidato do grupo governista, Eli Borges (Pros), derrotado por 14
votos a 10 pelo presidente reeleito, Osires Damaso, vê como curiosa a
forma de marcação das cédulas. "Não deixa de ser curioso ver cédulas
marcadas sucessivamente, como se fosse uma prestação de satisfação para
alguém de que votou aonde foi orientado a votar", diz, ao garantir que
após participar de 12 eleições no parlamento, marcações em cédulas nunca
foram corriqueiras.
"Pode votar como quiser, mas o voto é secreto, não pode ter uma forma de
identificação, não pode ser uma prestação de contas de forma a saber se
o cidadão votou ou não", completa, ao negar, porém que esteja lançado
alguma mácula em parlamentar específico. "Não estou questionando a
integridade moral de nenhum parlamentar, mas à medida que foram
levantadas dúvidas por quem de direito, um dos escrutinadores, eu acho
que cabe ao Poder Legislativo averiguar isto".
Assim como Valdemar Júnior, Eli Borges também não descarta o protocolo
de alguma medida judicial ou administrativa contra o resultado. "Eu vejo
isto como uma possibilidade que vai ser decidida pelo grupo, não quero
que se lance dúvida sobre a integridade dos parlamentares, agora toda
dúvida sobre uma Casa que é exemplo de democracia deve ter uma resposta
para o bem da própria democracia", avalia.
Ambos, porém, negaram que o pedido para conferir as cédulas das votação
fosse uma maneira de tentar identificar o parlamentar que migrou seu
voto do grupo dos 11 governistas para o grupo dos 13 deputados
autointitulados "independentes".
"Jamais foi pensado em ir atrás desse voto, mas você pode buscar o
porquê que esta eleição, ela veio como se fosse uma prestação de contas
para que alguém pudesse provar que estava dando o voto em quem
prometeu", finaliza.
O presidente reeleito criticou os pedidos dos deputados governistas e
classificou as manifestações como tentativa de tumultuar o processo.
"Quem garante que não foram eles que fizeram essa marcação só para
tumultuar?", indagou. E afirmou não temer a possibilidade de enfrentar
um questionamento judicial de sua reeleição. "É um direito deles",
disse, ao garantir que todo o material da eleição será guardado e não
será incinerado.
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