O papel da educação no desenvolvimento e na competitividade do Brasil
foi o tema abordado durante o ciclo de palestras do “Na Hora do Debate CDEIC”,
uma realização da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio
da Câmara dos Deputados. O evento, que ocorreu no plenário 5 da Câmara dos
Deputados, na manhã desta última quarta-feira, 12, teve como palestrante o
professor doutor Marcos Formiga.
Presidente da Comissão e idealizador do ciclo, o deputado federal Ângelo
Agnolin (PDT-TO), em discurso contundente, afirmou que acelerar a destinação de
recursos provenientes dos royalties do petróleo para a educação pode fortalecer o
desenvolvimento e a competitividade do país. “O menor período de que tenho
conhecimento entre a licitação e a comercialização do combustível é de 7 anos,
sendo normalmente em média 16 anos para a realização desse processo, por isso,
nós parlamentares, precisamos encontrar uma saída para antecipar o aporte dos
royalties do petróleo para a educação, de forma a contribuirmos com a formação
de capital humano qualificado, e consequentemente inserir o Brasil na lista dos
países reconhecidos pela inovação e competitividade”, defendeu.
Durante sua exposição, o palestrante Marcos Formiga criticou o modelo de
educação adotado pelo Brasil, a visão preconceituosa do ensino
profissionalizante e a preferência do ensino formal em sala de aula ao método
de ensino flexível. Para Formiga, a deficiência na qualidade do ensino em todos
os níveis, o déficit de vagas em estabelecimentos públicos de educação que não
atende a um terço das crianças em idade escolar são algumas das deficiências
enfrentadas pelo Brasil para se alcançar o desenvolvimento e competitividade
almejados. “Não houve nenhuma administração na história do Brasil que
priorizasse a educação; isso é o calcanhar de Aquiles da nossa nação”, afirmou
o professor.
Segundo Formiga, alcançar o patamar de 6ª economia do mundo não resolve
os problemas do Brasil, que mesmo com essa posição importante no cenário
mundial não consegue oferecer educação e serviços públicos de qualidade. Para o
professor, isso é visível quando se analisa os dados da educação superior do
Brasil que peca por falta de planejamento e tem um grau de privatização
superior ao dos Estados Unidos da América, país reconhecido pelo seu perfil
altamente capitalista.
Formiga disse ainda que o Brasil deve ter a Coreia do Sul como exemplo,
que em 30 anos consecutivos investiu 10% de sua arrecadação em educação e conseguiu
sair de uma posição de extrema pobreza para uma posição de país inovador e
competitivo.
Antes de finalizar, Formiga citou dados da especialista da OIT, Anne C.
Posthma, que sugere quatro prioridades que devem ser adotadas pelo Brasil para
superar as deficiências que emperram suas metas de desenvolvimento, são elas:
conciliação entre estudos, trabalho e vida familiar, inserção digna e ativa no
mundo do trabalho e diálogo social.
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