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Para deputada do PSC, Feliciano age como se fosse 'dono' da comissão

Antônia Lúcia criticou decisão do colega de fechar sessões ao público.
Integrantes do colegiado aprovaram proposta por unanimidade.


Dois dias após ter ameaçado deixar a vice-presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a deputada Antônia Lúcia (PSC-AC) criticou a decisão do colega de partido e presidente do colegiado, Marco Feliciano (PSC-SP), de proibir a entrada de público nas sessões. Na avaliação de Antônia, o parlamentar paulista tem se comportado como se fosse o “dono” da comissão.
“Se fosse eu, não faria isso não. O clima está muito pesado. Além disso, essa decisão não é regimental. A comissão está como se tivesse um dono. Todos nós temos sofrido com tudo isso”, desabafou ao G1 a deputada do PSC.
Nesta quarta (3), Feliciano impediu o ingresso de manifestantes no encontro do colegiado e conseguiu que os integrantes da comissão aprovassem uma resolução que torna permanente a restrição de público nas reuniões. Com a decisão, apenas deputados, assessores e jornalistas terão acesso às sessões. O requerimento foi aprovado por unanimidade pela comissão.
Feliciano justificou aos colegas de parlamento que a decisão é indispensável para garantir o andamento dos trabalhos da comissão e “evitar tumulto”. Desde que assumiu a comissão, Feliciano tem enfrentado protestos que praticamente inviabilizaram o andamento de todas as sessões comandadas por ele.
Desculpas

A deputada ainda relatou ao G1 o motivo de ter desistido de renunciar ao cargo de vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos.
Na segunda (1º), ela afirmou que iria deixar o posto por ter ficado “extremamente ofendida” com uma declaração feita por Feliciano, durante um culto evangélico no município de Passos (MG), de que o espaço que ele ocupa na comissão “até ontem era dominado por Satanás”.
Segundo a parlamentar do Acre, ela reconsiderou a decisão de abrir mão da vaga que ocupa na comissão em razão de um apelo do líder do PSC, André Vargas (SE). Antônia contou que Feliciano ligou diversas vezes para ela no início da semana para se desculpar sobre o comentário que fez em relação aos seus antecessores na comissão.
Antônia revelou ter imposto uma condição para não renunciar ao cargo de vice: que Feliciano estendesse aos outros deputados seu pedido de desculpas.
"Resolvi aceitar o pedido de desculpa dele [Feliciano] com uma condição: que se tornasse pública a extensão do pedido de desculpa aos demais parlamentares desta Casa. E que se fizesse claro que ele respeita o trabalho feito por essa comissão antes da chegada dele”, contou a deputada.
Barrados na porta

A exemplo do que vem ocorrendo desde que Feliciano assumiu o comando do colegiado, dezenas de pessoas lotaram o corredor que dá acesso aos plenários das comissões para se manifestar a favor e contra o deputado paulista.
Erguendo cartazes de apoio a Feliciano, simpatizantes do presidente da Comissão de Direitos Humanos pediram do lado de fora do plenário que ele não renunciasse ao cargo. “Feliciano, fica. Feliciano, fica”, ecoavam.
Em resposta, opositores do deputado do PSC solicitavam que ele deixasse o posto na comissão. “Renuncia, renuncia”, gritavam os ativistas sociais.

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