Na audiência pública da Comissão Parlamentar
de Inquérito do Tráfico de Pessoas, nesta terça-feira, 02, a deputada
Professora Dorinha (Democratas/TO) expôs o caso da professora de Porto
Nacional, Zulmira Gonzaga, que teve o seu filho sequestrado na porta da
casa dos avós há 25 anos. A parlamentar tomou conhecimento do fato após
divulgação nas redes sociais e a professora Zulmira entrar em contato com o gabinete para pedir apoio.
Sergio Leonardo Mateus Cardoso foi raptado precisamente no dia
28/09/1987, quando tinha um ano e oito meses de idade, enquanto brincava
com seus irmãos e primos na porta da casa dos seus avós, em Porto
Nacional. Atualmente Sergio Leonardo está com 27 anos. Segundo a
professora Zulmira, tudo indica que os responsáveis pelo rapto do filho
sejam dois paranaenses, da cidade de Londrina, e um paulista, este
possuía fazendas nas proximidades de Porto Nacional desde o início da
década de 80. Para a professora, o caso do desaparecimento do seu filho
caracteriza adoção mascarada, quando crianças são sequestradas para
serem entregues à adoção clandestinamente.
Membro da CPI ,
Dorinha ressaltou que a história da professora Zulmira com o seu filho
mostra o descaso das autoridades que deveriam resguardar o cidadão.
“Esse caso mostra a negligência, ausência, e mais que isso, a
cumplicidade das autoridades que deveriam resguardar o cidadão. As rotas
de tráfico existem e nós sabemos dela e o objetivo da CPI é construir
instrumentos para garantir o direito da cidadania. Há dados concretos de
conselhos tutelares que mostram negligência nesse aspecto”, disse.
Além disso, há casos de sequestros, ou tráfico de pessoas, para
exploração sexual, a exemplo da usina de Belo Monte, onde uma operação
policial desmontou uma boate que funcionava dentro do canteiro de obras
da hidrelétrica e que tinha 18 mulheres jovens, uma delas menor.
De acordo com a parlamentar, toda essa estrutura de exploração e
prostituição acompanha as grandes obras no brasil. “A gente não pode
fazer de conta que não existe. É um problema real, mas que todo mundo
faz vista grossa”, disse.
Dorinha, que também é membro da CPI
sobre exploração sexual de crianças e adolescentes, reforçou sobre a
necessidade de responsabilização das empresas na criação de uma
infraestrutura nas cidades próximas aos canteiros de obras como forma de
proteger a população local e os trabalhadores que vão morar naquelas
localidades temporariamente. “Se não era de conhecimento da empresa,
demonstra um despreparo e uma incompetência muito grandes. Não dá para
acreditar que é um fato desconhecido. Na CPI, temos mais de 200 rotas de
exploração e grande parte está em grandes obras. Existe uma
permissividade muito grande nesse aspecto e isso precisa ser combatido”,
afirmou.
Poder público e empreendedores precisam encontrar
alternativas para proteção de crianças, jovens e combater a exploração e
o tráfico. “Existe, no mínimo, omissão no processo de concessão de
grandes obras em relação a essa estrutura paralela de tráfico para
exploração sexual”, afirmou.
Audiência
A
audiência contou com a presença de Antônio Carlos de Oliveira, um dos
diretores do consórcio que está construindo a hidrelétrica de Belo
Monte. Recentemente, uma operação policial desmontou uma boate que
funcionava dentro do canteiro de obras da hidrelétrica e que tinha 18
mulheres jovens, uma delas menor. Elas moravam em pequenos quartos sem
janelas e com travas externas, onde eram obrigadas a se prostituir.
Oliveira afirmou que não tinha conhecimento da existência de um
prostíbulo próximo ao canteiro da usina e disse ainda que os mais de 20
mil funcionários da empresa na região passam por programas frequentes de
treinamento e de orientação social e ambiental. A cada três meses, de
acordo com ele, os empregados recebem orientações e são incentivados a
denunciar casos de maus tratos e exploração sexual de crianças e
adolescentes.
Confira o relato da professora Zulmira sobre o desaparecimento do seu filho: https://www.facebook.com/notes/pessoas-desaparecidas/mãe-procura-por-filho-sequestrado-há-mais-de-25-anos/407500522670492
Foto: Da esq. p/ dir. a relatora da CPI do Tráfico, dep. Flávia Morais, dep. Profª Dorinha e Profª Zulmira
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