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Em relatório, CRM aponta irregularidades no Hospital Geral de PalmasGoverno diz em nota que tem conhecimento de boa parte dos problemas e que medidas estão sendo tomadas para resolvê-los "o mais breve possível"

Governo diz em nota que tem conhecimento de boa parte dos problemas e que medidas estão sendo tomadas para resolvê-los "o mais breve possível"

O Conselho Regional de Medicina do Tocantins (CRM) apresentou à imprensa na tarde desta quarta-feira, 25, relatório sobre fiscalização no Hospital Geral Público de Palmas (HGP) realizada no sábado, 21, das 9 às 12 horas. O documento - assinado pelos fiscais Nelci Pereira Lima, Eduardo Komka Filho e o vice-presidente do CRM, Hélio Maués – é relatada a falta de medicamentos, armazenamento irregular de remédios, recursos humanos insuficiente para a demanda, além de problemas estruturais da unidade.

De acordo com Hélio Maués, a visita ao Hospital Geral de Palmas foi motivada pela constatação de pacientes no chão, caso noticiado pela imprensa; e devido à unidade não ter diretor técnico, fato considerado grave pelo vice-presidente do Conselho Regional de Medicina. “No nosso relatório ficou confirmado que não tem diretor técnico. Esta pessoa, que deve ser um médico, é fundamental em qualquer área da saúde. No ponto de visto ético, uma unidade não pode funcionar. Poderíamos [o CRM] até impedir todos os médicos de trabalhar por falta dessa pessoa tão importante”, afirmou.

Relatório
De acordo com o levantamento feito pelo Conselho Regional de Medicina, na farmácia do Hospital Geral de Palmas existe na unidade falta cerca de 24 medicamentos diferentes. Entre os citados estão a glicose, ampicilina e cefalotina. Hélio Maués disse que carência “não é justificada”, porque a unidade tem compêndio dos materiais.

A investigação aponta que o almoxarifado está fora dos padrões exigidos pelas autoridades sanitárias e não possui aeração adequada. Também não há climatização para armazenamento de materiais como álcool, soro e seringas.

O documento destaca que os médicos da unidade questionam a quantidade insuficiente de desfibriladores na unidade. O conselho informa que não teve acesso ao número de equipamentos existentes na sala vermelha, que cuida de ocorrências de complexidade alta; e na amarela, responsável por pacientes de média complexidade.

Sala Vermelha
O conselho constatou que a sala vermelha não tem espaço físico adequado para os atendimentos, porque o setor funciona também como o pronto socorro da unidade. O profissional responsável pela área, Saulo de Castro Barbosa, relatou aos fiscais que também controla a sala amarela, fato que prejudica os serviços, conforme o relatório. O ideal seria 10 pacientes por plantão.

O documento relata que na sala vermelha havia paciente com hipoglicemia, mas não havia glicose para corrigir a crise. O vice-presidente do Conselho Regional de Medicina afirmou que a situação poderia levar a óbito. Ainda foi constatado no setor, pontos de oxigênio insuficientes, pessoas acomodadas em macas sem proteção lateral e em um caso, sem colchão. A tomografia do hospital, conforme o relatório, não está funcionando.

No setor responsável pelos cuidados intermediários não tem médico de plantão, falta insumos e foi constado no sábado, 21, que a área possuía seis pacientes intubados, fazendo a sala amarela funcionar como apoio da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

UTI
Na unidade de terapia intensiva foi relatado pelos fiscais do CRM a falta de equipamentos de proteção individual e roupas adequadas para pacientes e a equipe de saúde. O problema também foi constatado no centro cirúrgico.
Exame de gasometria, de potássio e sódio e traqueostomia não estavam sendo realizados na UTI. Conforme relatos, a unidade não possui recursos humanos suficiente para o funcionamento. O setor já teria sido notificado sobre a futura falta de material para fazer cultura de bactérias do ambiente.

Hélio Maués informou ainda que no anexo do Hospital Geral de Palmas não tem exaustor e não há aeração. O vice-presidente do CRM diz ainda que o espaço está lotado e cheira mal.

Autoridades
Após apresentar o relatório, Hélio Maués disse que deve todos os dados seriam repassados para as autoridades do Estado, que foram convidadas para reunião ainda na tarde desta quarta-feira.

Apesar do convite, Secretaria da Saúde, Ministério Público do Estado e Defensoria Pública não enviaram representantes. A assessoria de comunicação do Conselho Regional de Medicina informou que estiveram presentes a deputada estadual Valderez Castelo Branco (PP), que é presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, além de representantes do Tribunal de Contas da União e Associação Médica Tocantinense.

Governo do Estado
A Secretaria da Saúde foi questionada pelo CT sobre o relatório do Conselho Regional de Medicina e afirmou que, apesar de não ter sido notificada oficialmente e nem de ter tido acesso ao documento, "boa parte dos problemas apresentados à imprensa nesta tarde é de conhecimento do Estado, que está empenhando todos os esforços para resolvê-los o mais breve possível".

Confira a integra da nota:

"NOTA À IMPRENSA

Apesar de a Secretaria Estadual da Saúde não ter sido notificada oficialmente e nem ter tido acesso ao relatório elaborado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), boa parte dos problemas apresentados à imprensa nesta tarde é de conhecimento do Estado, que está empenhando todos os esforços para resolvê-los o mais breve possível".

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