O Ministério Público Estadual (MPE) divulgou, nesta quarta-feira,4, que o
procurador-geral de Justiça, Clenan Renaut de Melo Pereira, instaurou
um processo interno para apurar se as nomeações de gestores pelo Poder
Executivo estão de acordo com a Lei Estadual nº 2.744/13 (Lei da Ficha
Limpa). Segundo o órgão, o Procedimento Preparatório de Inquérito Civil
Público nº 001/2015 tem caráter preventivo.
A medida está sendo tomada após reportagens do CT
mostrando a nomeações de secretários e subsecretários com contas
relativas ao exercício de cargos ou funções públicas julgados
irregulares pelos tribunais de Contas do Estado (TCE) e da União (TCU).
De acordo com o MPE, o órgão já solicitou que o governador Marcelo
Miranda (PMDB) forneça, dentro de 10 dias, informações sobre as
prestações de contas do controlador-geral, Luiz Antônio da Rocha, do
secretário do Desenvolvimento Urbano, Aleandro Lacerda Gonçalves, dos
subsecretários Hermes Azevedo Coelho (Desenvolvimento da Agricultura e
Pecuária), Joaquim de Sena Balduíno (Articulação Política) e do
presidente do Conselho Administrativo do Igeprev e também subsecretário
do Desenvolvimento e Turismo, José Carlos Rodrigues Bezerra. As
nomeações desses gestores foram tema de reportagens do CT no mês de
janeiro.
Ao divulgar a instauração do procedimento, o MPE lembrou que a Lei da
Ficha Limpa estadual, prevê que "todos os cargos e funções públicas,
incluindo secretários, presidentes de autarquias, só poderão ser
ocupados por pessoas sem condenação por improbidade administrativa,
crimes hediondos, corrupção eleitoral, dentre outros citados pelas
legislações estadual e federal".
Gestores com contas irregulares nomeados
Luiz Antônio da Rocha (Controlador-Geral)
O TCE rejeitou as contas de ordenador do período em que ele foi
secretário-chefe de gabinete durante governo anterior do sobrinho. Rocha
ajuizou ação cautelar no dia 30 de dezembro de 2014, a dois dias da
posse do novo governo. No dia 13 de janeiro, o juiz Agenor Alexandre da
Silva, da 2ª Vara da Fazenda, concedeu liminar suspendendo os efeitos do
Acórdão 219/2010, do TCE, que julgou irregulares as contas de 2005 do
atual controlador-geral do Estado (CGE).
Hermes Azevedo Coelho
(Subsecretário do Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária)
Ex-prefeito de Formoso do Araguaia e nomeado no dia 8, Hermes Azevedo
Coelho tem contas de ordenador de despesas rejeitadas pelo Tribunal de
Contas do Estado (TCE) em processo transitado em julgado. O acórdão nº
566/2008 foi publicado em dezembro de 2008. Hermes recorreu com uma ação
de revisão, mas os conselheiros do TCE, por unanimidade, julgaram a
ação improcedente mantendo a reprovação das contas. Não existem mais
recursos ou cautelares ajuizados por Hermes para suspender os efeitos da
rejeição. A PGE afirmou que, neste caso, só se manifestaria se houvesse
“provocação judicial".
Joaquim de Sena Balduíno
(Subsecretário de Articulação Política)
Ex-diretor do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) Joaquim de Sena
Balduíno é o terceiro gestor nomeado com as contas rejeitadas pelo
Tribunal de Contas do Estado (TCE). Balduíno figura em duas linhas na
Lista de Gestores com Contas Rejeitadas da Corte de Contas, por ter
julgadas irregulares as contas de 2006 e 2007 do Detran. Joaquim chegou a
recorrer em um dos processos, mas o recurso foi indeferido por ter sido
protocolado fora do prazo. No outro processo, conforme o sistema
e-contas, não há registro da tramitação de recursos ou de ação de
revisão para a decisão que já transitou em julgado. A PGE afirma que o
"Estado só irá se manifestar quando comunicado oficialmente de qualquer
demanda neste sentido".
José Carlos Rodrigues Bezerra
(Subsecretário de Desenvolvimento e Turismo, presidente do Conselho de Administração do Igeprev)
Bezerra está registrado com duas ocorrências no Cadastro de Responsáveis
com Contas Julgadas Irregulares (CADIRREG) do Tribunal de Contas da
União (TCU) e tem uma condenação da Câmara de Valores Mobiliários (CVM).
A 1ª Câmara do TCU julgou irregulares as contas de 2005 do Fundo
Constitucional de Financiamento do Norte (FNO), quando Bezerra era
gestor do Banco da Amazônia S/A (Basa) e o multou em R$ 10 mil. Em outra
decisão, o pleno do TCU julgou irregulares as contas dele como diretor
de suporte aos negócios do Banco da Amazônia e o multou em R$ 10 mil. O
colegiado da CVM decidiu, por unanimidade, multar Bezerra em R$ 725 mil
na qualidade de administrador dos fundos de investimento por
irregularidades na prestação de contas. Este caso está em fase de
recursos. O presidente do Igeprev, Jacques Silva, informou que Bezerra
será mantido no cargo porque não há improbidade administrativa nas
decisões do TCU e da CVM.
Aleandro Lacerda
Na decisão que julgou irregulares as contas de Aleandro os conselheiros
do TCE o multaram em R$ 500 por considerar que o secretário comprou
material permanente de informática usando um edital de licitação
considerado ilegal pelo tribunal. Aleandro ajuizou ação na 3ª Vara da
Fazenda para tentar suspender os efeitos do Acórdão 313/2010 do TCE. O
tribunal julgou irregular a prestação de contas de 2007, quando ele
respondia pela Companhia de Desenvolvimento do Tocantins (Codetins). A
justiça já negou a liminar duas vezes. O processo está em fase de
recurso no Tribunal de Justiça (TJ-TO). Em nota, o secretário nega que
esteja enquadrado na Lei da Ficha Limpa e diz que o TCE aceitou uma ação
de revisão na qual irá julgar novamente suas contas.
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