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Presidente da Câmara diz que seria 'ditador' se tentasse destituir Feliciano

Deputado preside sob protestos Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Henrique Alves afirmou que chegou 'ao limite' ao fazer apelo por renúncia.

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta terça-feira (9) que, diante da resistência do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) a renunciar à presidência da Comissão de Direitos Humanos, não tem mais o que fazer. Alves disse que seria um "ditador" se tentasse destituir Feliciano.
Nesta terça, as lideranças da Câmara se reuniram com Marco Feliciano para tentar persuadi-lo a abrir mão do cargo voluntariamente. Após ouvir os apelos dos líderes de PSOL, PSB, PDT, PPS e PC do B, Feliciano afirmou que não renunciará.
“Regimentalmente, como presidente, estou no meu limite. Mais do que isso [apelo para que Feliciano deixe o cargo na comissão] não posso fazer.
Não posso ser ditador, não posso querer impor minha vontade à Casa, jamais faria. Tenho que obedecer ao regimento”, disse Henrique Alves ao final da reunião dos líderes da Câmara.
Feliciano se tornou alvo de protestos de movimentos sociais desde que assumiu a presidência da comissão, no início de março. Ele é acusado pelos opositores de racista e homofóbico por  declarações que publicou em redes sociais contra gays e africanos.
Na Semana Santa, o deputado voltou a gerar polêmica ao declarar em um culto evangélico que o espaço que ele ocupa atualmente na Comissão de Direitos Humanos da Câmara "até ontem era dominado por Satanás”. Até mesmo colegas de partido de Feliciano disseram terem ficado ofendidos com o comentário.
Diante da repercussão negativa do episódio, Feliciano tentou ponderar que sua declaração não havia sido feita como parlamentar, e sim como religioso. Ele é fundador e pastor da igreja Tempo de Avivamento.
Nesta terça, Henrique Alves afirmou que é “indissociável” a figura do deputado e a do pastor. Na avaliação do presidente da Câmara, Feliciano precisa ter uma postura compatível com o mandato parlamentar dentro e fora do Legislativo.
“Ele [Feliciano] não pode exercer a presidência da comissão, que tem o dever inerente de proteger as minorias, e fora daqui ter uma posição diferenciada, que conflita com as minorias que ele tem a obrigação de comandar. Há um conflito, portanto, dessas duas condutas. É incompatível um discurso como presidente [da comissão] e uma prática diferente como pastor”, observou.
Apesar disso, Alves reconhece que o regimento interno da Câmara impede que o deputado do PSC seja retirado do comando do colegiado.
“Não se vai quebrar em hora alguma, porque eu não iria o permitir, o regimento. Essa Casa tem de ser exemplar no cumprimento das regras e do seu regimento”, advertiu o peemedebista.


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