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MPE requer bloqueio de bens e suspensão dos direitos políticos de Raul Filho e ex-vereadores da Capital devido esquema de corrupção

Foto: Conexão Tocantins
Além do ex-prefeito, são citados na ação de improbidade os parlamentares municipais Folha Filho, Milton Neris e outros três que ocuparam o cargo em 2011 e 2012

O Ministério Público entrou com uma série de ações de improbidade administrativa devido à formação de esquema de corrupção em Palmas, envolvendo agentes públicos e empresários. Entre os citados estão o ex-prefeito da Capital Raul Filho (sem partido) e os então vereadores Ivory de Lira (PDT), Fernando Rezende (DEM), Norton Rubens Rodrigues Barreira, Folha Filho (PTN) e Milton Neris (PR), os dois últimos ainda estão no cargo.

De acordo com a 28º Promotoria de Justiça, responsável pelas ações ajuizadas na segunda-feira, 30, o esquema de corrupção visava promover o enriquecimento ilícito por meio da transformação de lotes residenciais e comerciais em lotes destinados à instalação de postos de combustíveis. As leis de alteração de uso do solo relacionadas ao esquema foram aprovadas pela Câmara Municipal nos anos de 2011 e 2012.

A ação foi ajuizada também em desfavor de terceiros que se beneficiaram com a alteração de uso do solo de lote comercial localizado na quadra 305 Sul (antiga ARSO 32), medindo 1.294 metros quadrados. Por meio do esquema, a área foi destinada à instalação do Posto Eccodiesel, o que foi efetivado com a aprovação e a sanção da Lei Complementar 236 de 2011.

Na categoria dos terceiros beneficiados, o principal nome é o de Raul de Jesus Filho e Neto, filho do ex-prefeito da Capital, que se tornou o único sócio da empresa Posto Eccodiesel após alteração contratual datada de novembro de 2013. Os antigos sócios, os irmãos Sílvio Roberto Moraes de Lima e Adriano Moraes de Lima, também são citados.

Em 2012, o Procurador-Geral de Justiça, Clenan Renaut de Melo Pereira, ajuizou denúncia criminal contra o então prefeito Raul Filho e o presidente da Câmara de Vereadores, Ivory de Lira, questionando a alteração do uso do solo com o intuito de beneficiar particulares.

A Ação de Improbidade Administrativa cita que a alteração de uso do solo, de área comum para área destinada a posto de combustíveis, promovia uma “astronômica valorização” dos imóveis. O metro quadrado de um lote chegou a saltar de R$ 25,27 para R$ 500,00, tomando-se por base os preços constantes na Planta de Valores Genéricos de Palmas.

Segundo é relatado na ação, um grupo de pessoas de confiança do então prefeito da Capital agiu de modo a promover a simulação da compra e venda dos lotes, visando ocultar os reais proprietários desses imóveis. A intenção era que, na ocasião da votação das leis que promoveram as alterações de uso do solo, estivessem encobertos os vínculos entre esses proprietários e os agentes políticos envolvidos no esquema. No total, 15 imóveis tiveram sua destinação alterada de maneira ilegal.

No caso do imóvel destinado ao Posto Eccodiesel, as alterações quanto à propriedade chegaram a envolver até o nome de uma lavradora humilde, residente em Miracema do Tocantins, também citada na ação.

O esquema de corrupção foi alvo de uma investigação promovida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que analisou transações financeiras e ouviu diversas testemunhas.

Pedidos
Liminarmente, a Ação de Improbidade Administrativa pede que sejam bloqueados bens em nome dos requeridos no valor de R$ 1.941.000,69 e que a empresa Posto Eccodiesel se abstenha de construir posto de combustível no imóvel em questão, entre outras providências.

No mérito da ação, o MPE requer a condenação de todos os envolvidos à perda dos bens em valor proporcional ao que foi acrescido ilicitamente ao seu patrimônio, ao ressarcimento integral dos danos causados e ao pagamento de multa em valor equivalente a três vezes o que foi acrescido ao patrimônio. Também é requerida a suspensão dos direitos políticos dos envolvidos e a proibição de contratarem com o poder público e de receberem incentivos fiscais e de crédito.

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