Gerentes da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no Tocantins
compareceram à Assembleia Legislativa, na tarde desta terça-feira, dia 15, na
reunião da CPI da Telefonia para prestar esclarecimentos a deputados e
representantes da Defensoria Pública do Estado, Ministério Público Estadual
(MPE) e Procon. Durante o evento, a agência foi criticada e cobrada pela
ineficácia na regulação da telefonia, especialmente da móvel.
O assessor jurídico da Defensoria, Ádamo Póvoa, comentou sobre as
reclamações que o órgão recebe sobre o canal de atendimento da Anatel. Ao
observar que as ações judiciais contra as operadoras têm crescido desde 2011,
ele questionou a eficácia da agência, incluindo as multas aplicadas às
empresas.
O gerente substituto da Anatel, Ailfran Moraes Martins, declarou que o
número de atendentes da agência cresceu de 470, em 2012, para 711 atualmente.
Sobre as ações judiciais, Martins disse que, apenas em Brasília, elas estão
disponíveis.
Foi então que a assessora do Procon, Magna Luz, apresentou seus números.
Segundo ela, apenas no 1º semestre deste ano, foram registradas 5.546
reclamações, sendo 53% delas relacionados com a telefonia móvel e 52%, contra a
operadora Oi. Magda destacou ainda a prática da “venda casada”, que é ilegal, e
que condiciona a venda de um ponto de conexão com a internet à aquisição de uma
linha fixa.
Ailfran Martins confirmou que esta operação configura “venda casada”. No
entanto, segundo ele, as operadoras oferecem pacotes de serviços que, ao serem
adquiridos conjuntamente, tornam-se financeiramente mais vantajosos para o
consumidor.
Diante das críticas, o gerente titular da Anatel no Tocantins, Giuiliano
Quinan, que está licenciado para capacitação, mas que compareceu à reunião,
defendeu a entidade. Para ele, “não há um culpado [para a situação]. Há todo um
arcabouço regulatório que tem de ser melhorado. Nossa legislação não está
preparada [para o mercado atual]”.
Ainda segundo Quinan, uma forma de melhorar os serviços seria estimular a
entrada de novas empresas para acirrar a concorrência, o que não é incentivado
pela carga tributária. Ele reconheceu ainda que as multas aplicadas pela Anatel
são ineficazes, porque podem ser questionadas na Justiça. “Uma ação leva de
três a cinco anos para ser julgada”, completou.
O gerente titular sugeriu que a CPI convide um representante do Tribunal de
Justiça do Estado para participar do esforço para melhorar a telefonia, por
meio da criação de uma vara específica para o direito do consumidor, o que
poderia acelerar o julgamento desses processos.
Ainda de acordo com Quinan, o “call center” da Anatel apenas recolhe dados
para subsidiar decisões da agência e não para resolver problemas concretos, o
que seria uma intromissão na competência do Procon. Por fim, o gerente informou
que “a Anatel tem recursos limitados e a administração federal está em
contingenciamento”.
A presidente da CPI, deputada Josi Nunes (PMDB), consultou Martins sobre a
suposta aglomeração de linhas por antenas no Brasil, o que seria uma das causas
da má qualidade do serviço, e sobre os efeitos da radiação das torres na saúde
dos moradores mais próximos.
O gerente substituto afirmou que a capacidade de cada antena depende de
cálculos complexos como análise de tráfego de cada região e que, em 30 anos de
pesquisas internacionais, não há nada comprovado sobre efeitos adversos da
radiação das torres sobre pessoas.
As reuniões da CPI na Assembleia são apenas uma parte dos trabalhos. A
comissão também realiza visitas nos principais municípios do Estado, para
conhecer as reclamações dos consumidores. O esforço é uma parceria entre a
Assembleia Legislativa e os órgãos de defesa social e visa pressionar por avanços
no setor da telefonia. (Dicom/AL)
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