A
questão da demarcação das terras e as medidas legislativas que
possibilitem a indenização a detentores de títulos de terra expedidos
pelo poder público sobre áreas indígenas foi tema de audiência pública
da Comissão de Legislação Participativa, nesta terça-feira, 18.
Membro da comissão, a deputada Professora Dorinha (Democratas/TO)
disse que as comunidades indígenas precisam ser escutadas. “Se tem uma
coisa que aprendi em relação aos povos indígenas é que eles não precisam
que ninguém fale por eles ou interpretem as suas vontades. Os índios
sabem muito bem o que querem”, afirmou.
A parlamentar teve a
oportunidade de visitar uma área de conflito que envolve a comunidade
Suiá Missu, em Mato Grosso, no fim do ano passado. “Ao visitar aquela
região, eu percebi um poder público ausente, negligente e que deixou as
questões se arrastarem por um período tão longo e que agora virou uma
área de conflito”.
Segundo a deputada, a região têm muitos
pequenos produtores rurais que receberam a terra oficialmente pelo
governo do MT e que estavam em uma situação em que tinham que desocupar
as terras. “Também vi comunidades indígenas divididas, mas também
buscando seus direitos e o poder público tardou a tomar alguma posição e
cumprir com a sua tarefa”, pontuou.
Dorinha também apontou o
excesso de burocracia em relação às comunidades indígenas. “Construir
uma escola em área indígena é uma dificuldade muito grande porque o
próprio Ministério da Educação exige um documento de posse de área
indígena que o próprio Governo Federal deveria regular”.
Para a
deputada, os povos têm direito a melhorar o atendimento à saúde,
educação, de ter suas terras e as instituições precisam entender que a
noção de produção que a sociedade tem é muito diferente em relação à
comunidade indígena. “A lógica é diferente, eles não produzem pra
guardar, produzem apenas o necessário para sobreviver. Não podemos
querer analisar um outro povo de acordo com a carapaça de cultura que
temos, de acumulação de recursos”, afirmou.
Ainda de acordo com
Professora Dorinha, a negligência, a burocracia e a ausência de
política pública levam ao estremecimento de muitos conflitos. “Se o
poder público tivesse cumprido o seu dever de maneira ágil, não
estaríamos nesse momento de conflito. Precisamos avançar no ponto de
vista da celeridade, mas manter o respeito ao que os povos indígenas
querem para eles”, disse.
Dorinha reforçou que a Fundação
Nacional do Índio (FUNAI) precisa ser empoderada e que os poderes
Executivo e Legislativo precisam ouvir mais os indígenas. “Se ela tem a
tarefa de garantir os direitos indígenas, ela precisa ter poder tamanho
para isso. Tem uma responsabilidade do ponto de vista jurídico e precisa
de poder para responder os direitos dos povos indígenas que confiam
nela e que precisam de uma instituição forte. E que a gente escute mais
os povos indígenas, eles sabem o que querem e precisam para o seu
próprio futuro”.
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