A
deputada federal Dorinha Seabra Rezende (DEM-TO) usou a tribuna da
Câmara dos Deputados durante o grande expediente, nesta última
segunda-feira, 27,
para falar da educação pública brasileira. A parlamentar citou o Plano
Nacional
de Educação (PNE) e as suas 20 metas em busca da universalização da
educação
pública.
“O PNE propõe uma agenda para o
desenvolvimento da educação brasileira, legitimada por sua construção democrática,
por meio da qual toda a sociedade pode acompanhar o processo e pressionar por
mudanças. Esse plano busca a universalização do atendimento escolar, reduzir a
evasão, a repetência e o abandono. Mas os dados divulgados recentemente no
anuário do Movimento Todos Pela Educação mostram que a democratização do acesso
à escola não está resolvida plenamente em nenhuma das etapas da educação
básica”.
A deputada mencionou a necessidade de
reduzir a defasagem idade-série, por meio da diminuição da evasão, da
repetência e do abandono, mas ressaltou que a educação pública teve os seus
avanços nos últimos anos. “No Tocantins, entre os anos de 1995 e 2011, o
percentual de crianças de zero a três anos que frequentam a escola passou de
4,07 para 13,26. Já as crianças de quatro a cinco anos passou de 39,04% para
69,19%, segundo o anuário do Todos Pela Educação”, disse.
Dorinha também citou dados divulgados
pelo anuário que mostram a defasagem nos ensinos infantil, fundamental e médio,
comprovando que ainda é muito alto o número de crianças e jovens fora da escola
por razões diversas como a evasão, vulnerabilidade social e o alto índice de
repetência. “Em um país em que muitos ainda acreditam que reter alunos ao longo
da trajetória escolar é um instrumento pedagógico, não surpreende que as
estatísticas registrem uma taxa de reprovação média de quase 10% no nível
fundamental e 13% no médio, disse”.
“Há um milhão de crianças de quatro e
cinco anos sem estudar, segundo dados do PNAD de 2011. O índice de conclusão do
ensino fundamental é de 64% no país. Na região Norte esse índice é ainda menor,
apenas 52,7% das crianças concluem o nível fundamental. 80% dos jovens de 15 a
17 anos estão matriculados na escola, sendo que somente 52,25% estão no ensino
médio. Isso mostra que 15,1% dos nossos jovens não estudam. Um contingente de
um 1,6 milhão de adolescentes que não apenas deixam de aprender, mas também são
fortes candidatos a engrossar o índice de desemprego, da marginalidade e dos
comportamentos de risco”.
Além disso, a deputada citou que o
índice de estudantes indígenas e quilombolas reduziu de 27 mil para 19 mil,
aumentando a defasagem desde a pré-escola.
Falando sobre o crescimento das
escolas de tempo integral pelo País, Dorinha pontuou que é um fato importante para
a educação, mas que deve ser levado com a seriedade que merece. “Escola de
tempo integral não é depósito de crianças. É um espaço para aprendizagem em
tempo integral, de aproveitamento do tempo das crianças, de desenvolver os seus
talentos e melhorar seus resultados”, afirmou.
Desigualdade
Dorinha reforçou que é preciso um
olhar especial aos desafios vividos pelos jovens brasileiros, em especial no
que se refere ao combate às desigualdades. Segundo o anuário, a população
brasileira ainda tem baixa escolaridade – hoje 7,3 anos de estudos em média.
Embora esse índice venha melhorando a cada ano, há uma defasagem de quatro anos
de escolaridade entre os brasileiros mais ricos e os mais pobres. “O impacto
dessas defasagens reflete claramente no mercado de trabalho e na geração de
renda. Menor escolaridade implica em menores salários e menos expectativa de
progresso profissional”.
Formação docente
Defensora de uma mudança urgente
voltada para aa valorização e formação docente, Professora Dorinha avaliou que
o desafio de formar professores no Brasil deve ser enfrentado em diversos
níveis. “Um passo fundamental é assegurar que todos os educadores de educação
básica tenham formação em nível superior. Cerca de 25 % dos professores
brasileiros nessas etapas possuem, no máximo, o ensino médio ou magistério”,
disse.
Segundo a parlamentar, cerca de dois
milhões de professores atuam nas escolas de educação básica. “Esse contingente
de profissionais mostra que os desafios da formação de educadores
necessariamente passam pela oferta de educação continuada. A questão da
equiparação do salário dos docentes com os profissionais de mesmo nível de
formação já é um primeiro passo. Um professor no Brasil ganha 40% menos do que
a média dos outros profissionais para os quais se exigem o mesmo nível de
formação”.
Por causa da falta de valorização da
carreira, estima-se que o déficit de professores na educação básica seja de 250
mil. Além disso, as licenciaturas recebem pouca atenção por parte das
universidades e esse distanciamento produz uma falta de vocação para formar
professores para a atual realidade da escola. “A valorização da carreira
docente passa pela elevação do nível salarial e por um conjunto de instrumentos
que aperfeiçoem as condições de exercício profissional”.
Financiamento
A parlamentar finalizou o seu
discurso falando sobre o financiamento da educação pública, a luta para
conseguir os 10% do Produto Interno Bruto (PIB) e a destinação dos royalties do
pré-sal para a área. “Há um claro consenso da insuficiência dos recursos
diante do tamanho dos desafios a serem enfrentados pelo Brasil. O fato concreto
é que o País precisa investir mais e melhor, aumentando a proporção dos gastos
em relação ao PIB, mas assegurando que os recursos não se percam na malha burocrática,
num pacto suprapartidário em defesa da Educação”.
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