O deputado estadual Iderval Silva (SD) promete entregar nesta semana à
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) seu voto sobre a rejeição das
contas do exercício de 2009 dos ex-governadores Carlos Gaguim e Marcelo
Miranda, ambos do PMDB. Iderval está avaliando o caso desde o início de
abril. Segundo ele, praticamente não houve reunião da CCJ nesse período
em função da turbulência provocada
na Assembleia pela eleição indireta do dia 4.
As contas de Marcelo e Gaguim, de 2009, foram rejeitadas pelos deputados
em sessão do dia 5 de setembro do ano passado. Contudo, até agora não
foi publicado o decreto legislativo, que homologa a decisão e leva a
informação aos principais órgãos fiscalizadores - Tribunal de Contas do
Estado (TCE), Tribunal de Contas da União (TCU), Ministério Público
Federal e Ministério Público Estadual.
NULIDADE DA SESSÃO
Assim, a CCJ agora está elaborando o decreto legislativo, mas alguns
deputados e o próprio Gaguim tentam reverter a rejeição das contas. O
deputado José Bonifácio (PR) apresentou na CCJ, na reunião do dia 26 de
março, um pedido de anulação da sessão do dia 5 de setembro. "Não foi
garantida ampla defesa aos acusados", defendeu Bonifácio ao blog, na
época.
Segundo ele, Marcelo e Gaguim tiveram espaço para defesa na comissão,
mas não em plenário. "A Assembleia virou um tribunal, com os dois
acusados presentes e não lhes foi dada ampla defesa, princípio garantido
pela Constituição", criticou o parlamentar.
HOUVE ESPAÇO PARA DEFESA
Tanto Iderval, quanto o presidente da CCJ e relator deste caso, deputado Amélio Cayres
(SD), discordam que não houve espaço para a defesa. "Eles se defenderam
por escrito e verbalmente nas comissões, mas não podem se manifestar em
plenário", afirmou Cayres.
Segundo ele, a CCJ não tem autonomia para mudar a decisão do plenário.
"O nosso papel aqui é exclusivamente elaborar o decreto legislativo com o
teor da decisão do plenário, não podemos mudar essa decisão", garantiu o
deputado.
Ele também explicou que, ao contrário do que chegou a ser dito, esse
decreto não será votado em plenário, apenas na comissão. "Porque o
plenário já decidiu pela rejeição. O que estamos fazendo aqui é decidir o
texto apenas", afirmou.
JURISPRUDÊNCIA DE BRASÍLIA E DISTRITO FEDERAL
Iderval ainda avalia uma tese apresentada pelos advogados de Gaguim.
Segundo ela, jurisprudências de Brasília e do Paraná permitiriam que
gestores possam ser excluídos de processos de rejeição de contas
semelhante ao caso do Tocantins, com mais de um gestor no exercício. A
ideia seria deixar nas contas rejeitadas pela Assembleia apenas o
ex-governador Marcelo Miranda, já que Gaguim governou por apenas três
meses em 2009.
O parlamentar disse que ainda estuda o caso.
HÁ DOLO OU ERRO FORMAL?
A questão agora é sobre a essência da rejeição das contas feitas pelo
TCE. A pergunta central desse debate é se houve dolo que justificasse a
rejeição ou apenas erros formais. Conforme advogados, a resposta à
pergunta é fundamental porque resultará em inelegibilidade de Gaguim e
Marcelo, ou não.
Isto é, se houve dolo (ação proposital) aí os dois gestores estarão
inelegíveis. Se foram erros formais (não intencionais) não caberia
inelegibilidade no caso. Essa última situação foi defendida no blog pelo
advogado Hélio Miranda. Segundo ele, Marcelo e Gaguim não estariam
inelegíveis por conta dessa rejeição porque o TCE não apontou dolo, mas
apenas erros formais.
QUESTÃO PARA A JUSTIÇA
O presidente da CCJ, Amélio Cayres, disse que essa também não é uma
questão da comissão. "É uma questão que poderá que ser levada à Justiça,
não a avaliamos", afirmou.
Além Cayres e Iderval, a CCJ é composta por Carlão da Saneatins (PSDB), Amália Santana (PT) e Sargento Aragão (Pros).
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