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Câmara retoma sessão da MP dos Portos após bate-boca e invasão

Deputados Garotinho (PR-RJ) e Caiado (DEM-GO) trocaram acusações.
Deputado Toninho Pinheiro (PP-MG) invadiu a Mesa para protestar.


Os deputados retomaram no final da tarde desta terça (14) a sessão destinada a votar a MP dos Portos após duas interrupções, um forte bate-boca com troca de acusações entre parlamentares e a invasão da área da Mesa Diretora por um deputado que protestava por mais verbas para a saúde.
O protesto do deputado Toninho Pinheiro (PP-MG) interrompeu pela segunda vez a tumultuada sessão da MP dos Portos, considerada prioritária pelo governo como forma de ampliar a competitividade do país no mercado internacional. Para não perder a validade, a medida provisória precisa ser votada na Câmara e no Senado até quinta-feira (16).
Com uma faixa nas mãos, Toninho Pinheiro se posicionou em frente à Mesa Diretora para protestar contra a retenção, pelo governo, de verbas para investimento em saúde indicadas por parlamentares.
Logo que Pinheiro subiu à Mesa, seguranças tentaram retirá-lo do local. Nesse momento, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), advertiu que o regimento da Casa não permite esse tipo de manifestação do plenário.
Irritado, o deputado do PP, no entanto, resistiu às ordens para descer e insistiu em mostrar a faixa dizendo que o governo deixou de desembolsar, em 2012, R$ 8,3 bilhões em recursos de emendas parlamentares para a saúde. Após o tumulto, o parlamentar foi convencido por outros parlamentares a se retirar do plenário. A sessão foi retomada por volta das 17h30.
Bate-boca

Antes do protesto, parlamentares assistiam a uma violenta troca de acusações entre Garotinho (PR-RJ) e Ronaldo Caiado (DEM-GO).
O líder do DEM subiu à tribuna para pedir esclarecimentos acerca de suspeitas de que as acusações de Garotinho foram feitas a pedido da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
“A imprensa toda disse que a ministra Ideli pediu a vossa excelência que derrubasse a sessão, porque o governo não podia perder para aquela emenda aglutinativa.
Houve, então, um processo de intervenção da ministra. Porque duas coisas iam acontecer naquela noite: vossa excelência ia perder a liderança, e aquela denúncia. Não perdeu a liderança, e a denúncia desapareceu. Foi orientação da ministra?”, indagou no plenário da Câmara.
O deputado Garotinho respondeu dizendo que não é verdadeira a afirmação de que Ideli teria pedido a ele que atrapalhasse a votação fazendo denúncias contra o PMDB.
“Se houve intervenção da ministra Ideli, para que fosse acionado um parlamentar para fazer uma denúncia, para derrubar uma sessão, isso é gravíssimo, presidente, isso é gravíssimo”, continuou Caiado.
O líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), pediu, então, a palavra para negar participação do Planalto na atuação de Garotinho. “Ele [Caiado] disse que a ministra Ideli, e se apoiou num suposto noticiário, teria orientado o líder Garotinho para derrubar a sessão.
O líder Garotinho disse: ‘não! É mentira’. E ele insistiu. Eu exijo que ele retire o que falou sob pena de eu exigir que ele prove. E eu antecipo, meu prezado deputado Caiado, que a ministra Ideli já tem em mãos a lista de ligações que ela fez e recebeu naquela noite.”
Caiado, então, afirmou que a informação sobre a participação da ministra Ideli foi veiculada na mídia, e não pelo DEM. E que, portanto, o governo não pode cobrar que o DEM comprove os fatos.
Garotinho voltou a subir à tribuna para rebater Caiado e disse que as acusações feitas pelo parlamentar do DEM não podem ser usadas "como desculpa" para adiar a votação.
Caiado rebateu com duras acusações, chamando Garotinho de “chefe de quadrilha”. “Chefe de quadrilha, você não tem legitimidade moral para falar. Embaso os meus argumentos e me preparo para embates políticos. Jamais vi na vida o que estamos assistindo, esse nível de debate.
Esse chefe de quadrilha está sendo provocativo a tudo minuto. Chefe de quadrilha tem que estar é na cadeia. Não podemos admitir esse tipo de comportamento aqui na casa”, afirmou Caiado.
Garotinho reagiu dizendo que os “fracos” apelam para a “violência”. “Quando as pessoas não têm razão, elas partem para a violência, para o arroubo. Aqueles que são fracos partem para a agressão.”
Ele afirmou que não se ofende por ter sido chamado de “chefe de quadrilha”. “Não me ofende vossa excelência me chamar de quadrilheiro porque sei que não sou.
Não me ofende vossa excelência dizer que tenho cheiro de porcos, porque não tenho. Quando vossa excelência falou aquela besteira sobre uma condenação por um juiz de primeiro grau, não diz que ele o fez a pedido do senhor Sérgio Cabral e do senhor Ricardo Teixeira . Eu denunciei o caso ao Conselho Nacional de Justiça”, afirmou.
Pedido de CPI

Logo antes do bate-boca entre Garotinho e Caiado, o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), anunciou  que seu partido irá protocolar um pedido de CPI para investigar as denúncias de que a emenda aglutinativa apresentada pelo PMDB teria sido motivada por interesses econômicos.

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