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Ricardo Izar Júnior é eleito presidente do Conselho de Ética da Câmara

O deputado do PSD-SP venceu disputa contra Marcos Rogério (PDT-RO).
Parlamentar paulista concorreu sem o apoio do próprio partido.

À revelia da cúpula da Câmara e do próprio partido, o deputado Ricardo Izar Júnior (PSD-SP) foi eleito nesta terça-feira (2) presidente do Conselho de Ética da Câmara.
O parlamentar de São Paulo venceu uma disputa acirrada contra o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), cujo partido havia firmado um acordo político com o PMDB para comandar o colegiado nos próximos dois anos.
Filho do ex-deputado Ricardo Izar, que presidiu o conselho durante o escândalo do mensalão, Izar Júnior desafiou o PSD ao manter sua candidatura mesmo sob ameaças de retaliações dos líderes peemedebistas. Ele obteve 11 dos 21 votos do colegiado. Mesmo com o apoio do PMDB, Marcos Rogério teve apenas 10 votos.
"A votação foi apertada, mas demonstrou que esse conselho é independente. Aqui, não tem pressão de partido nem de liderança. Cada parlamentar vota com a sua consciência", discursou Izar Júnior em sua primeira manifestação como presidente do colegiado.
A entrada do deputado paulista na corrida eleitoral gerou um mal-estar entre a legenda do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e o PMDB, que ameaçou barrar a criação de novos cargos para o PSD caso Izar Júnior não renunciasse à candidatura.
Acusado pelo PMDB de descumprir acordo político de partilha dos principais cargos da Câmara, Izar Júnior disse que a promessa ao PDT de controle do colegiado se deu apenas entre o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e as lideranças pedetistas, em troca de votos para eleger o peemedebista presidente da Casa, no início do ano.
"O acordo que eles estão alegando que existiu foi entre o então candidato à presidência da Casa e o PDT. Os outros partidos não participaram, então, não houve quebra de acordo nenhum", rebateu.
Derrotado, Marcos Rogério deixou o plenário do Conselho de Ética sem falar com a imprensa. Já o líder do PDT, deputado André Figueiredo (CE), demonstrou irritação com o resultado final da votação. O pedetista reclamou em razão de o pacto que ele havia costurado com o PMDB durante a campanha de Henrique Alves para a presidência da Câmara não ter sido honrado.
"Existe um acordo dentro dessa Casa do respeito às definições intrapartidárias. Isso em todas as comissões. Acordos existem. O que me preocupa seriamente são os acordos por debaixo do pano que norteiam as ações de alguns parlamentares desta Casa", disparou Figueiredo.
Sob pressão

O novo presidente do conselho contou ter sido procurado nos últimos dias por enviados de Henrique Alves que teriam lhe oferecido uma compensação para abrir mão da candidatura avulsa.
Os aliados do presidente da Câmara teriam proposto a ele o comando de uma futura comissão especial voltada à defesa dos animais, em contrapartida a sua eventual desistência.
A presidência da Câmara foi procurada para confirmar a versão do deputado, mas a assessoria de Henrique Alves informou que ele estava incomunicável por estar se recuperando de uma cirurgia.
Nesta terça, Izar Júnior passou a manhã reunido com o líder do PSD, Eduardo Sciarra (PR). De acordo com o novo presidente do Conselho de Ética, o colega de partido apelou para que ele deixasse a corrida eleitoral para evitar que o PMDB retaliasse a sigla de Kassab. "O partido [PSD] me explicou a situação. Haveria retaliação. Ele [Sciarra] me pediu para recuar por conta disso", contou.
Apesar de ter concorrido sem o apoio do PSD, Izar Júnior disse não ter ficado chateado com o líder da sua legenda. O deputado paulista ressaltou que se estivesse no lugar de Sciarra teria feito a mesma coisa.
"Com a chantagem e a ameaça aberta que houve de que não votariam as questões do PSD se eu mantivesse a minha candidatura, eu, no lugar dele [Sciarra], faria a mesma coisa: não daria apoio à candidatura de algum membro do PSD, porque poderia prejudicar o partido inteiro", enfatizou Izar Júnior.

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