A manifestação aconteceu na tarde desta quarta-feira, 24, no Congresso
Nacional. Os manifestantes adentraram o parlamento entoando o hino
nacional e portando faixas em repúdio à Proposta...
Cerca de mil Promotores e Procuradores de Justiça de todo o país
participaram na tarde desta quarta-feira,24, de uma manifestação no
Congresso Nacional contra a proposta de emenda constitucional PEC 37. Os
manifestantes adentraram o parlamento entoando o hino nacional e
portando faixas em repúdio à Proposta.
Uma pilha com 27 caixas foi entregue ao presidente do Câmara Federal,
Deputado Henrique Alves, contendo relatórios, atas e abaixo- assinados
das mobilizações realizadas pelos Ministérios Públicos no período de 8
a12 de abril.
Foi entregue também, pelo presidente do CNPG, Osvaldo Trigueiro, ao
presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, a Carta de
Brasília assinada por todos os Procuradores-Gerais, solicitando a
prorrogação da votação da PEC e a abertura de espaço para um canal de
entendimento entre parlamentares e Ministério Público.
O Presidente da Câmara destacou que o diálogo será satisfatório e que a
PEC só voltara à pauta do Congresso em junho deste ano, após longas
discussões envolvendo parlamentares, policiais e representantes do MP
brasileiro. "Trato o assunto com respeito e seriedade, teremos tempo
para dialogar e encontrar um entendimento, quem quer um Brasil
respeitado há de sentar à mesa para discutir com maturidade",
finalizou.
Para a Procuradora- Geral de Justiça do Tocantins, Vera Nilva Álvares
Rocha Lira, a data da manifestação é histórica. Nunca na história do
Ministério Publico conseguiu-se reunir tantos colegas com apenas um
objetivo: defender a constituição e consequentemente os direitos do
povo. "É um marco para o MP brasileiro uma mobilização desta grandeza",
enfatizou a PGJ.
Do Ministério Público do Tocantins estiveram presentes também o
presidente da ATMP, Procurador de Justica João Rodrigues filho, o membro
da Comissão de Acompanhamento de Processos nos Tribunais, Promotor de
Justiça Célio Sousa Rocha, além dos Promotores Edson Azambuja, Cristina
Seuser, Vinicius de Oliveira, Mateus Ribeiro dos Reis, Juan Rodrigo
Carneiro Aguirre, Luiz Antonio Francisco Pinto e Breno Oliveira
Simonassi.
Confira abaixo a Carta de Brasília na íntegra:
Carta de Brasília
O Ministério Público Brasileiro manifesta-se contrário à Proposta de Emenda Constitucional nº 37.
A PEC 37 tem como propósito restringir o número de Instituições que
realizam investigações criminais, cometendo tal atividade com
exclusividade às Polícias Federal e Civil.
A Constituição Federal de 1988 em seu artigo 129, incisos I, II, VI e VII, ao atribuir ao Ministério Público a missão constitucional de defesa da ordem jurídica e de promover as medidas
necessárias para isso, concede o poder investigatório ao MP, fundamental
ao efetivo cumprimento das suas valiosas funções constitucionais, como o
combate à criminalidade organizada, à corrupção e ao exercício do
controle externo da atividade policial
Além de inconstitucional, a PEC 37 é uma medida na contramão da
democracia, haja vista que só traz efeitos negativos à população
brasileira. Em sendo aprovada, além do Ministério Público, diversas
outras instituições ficarão proibidas de investigar. É o caso do
Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), e da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central, que fazem um trabalho
especializado para evitar lavagem de dinheiro; do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que atua nos crimes de ordem
econômica; da Controladoria da União, que busca combater a corrupção e o
desvio de verbas públicas. O mesmo vai acontecer com Tribunais de
Contas, Auditores Fiscais e Receita Federal.
Nenhuma dessas Instituições, assim como o Ministério Público
Brasileiro tem a intenção de usurpar as funções das polícias, nem muito
menos de manejar o inquérito policial. Muito pelo contrário. O objetivo
não é dividir, mas somar. A ação conjunta e articulada contra a
criminalidade só traz benefícios para a população. A coexistência de
distintos mecanismos de apuração, longe de refletir uma técnica de
usurpação ou pouco apreço à função alheia, é importante mecanismo de
cooperação, posto que a convergência de ações tende a potencializar os
resultados a serem alcançados, diminuindo o risco da ineficiência e
minando a impunidade, sendo princípio vigente nas nações desenvolvidas
do globo.
O Ministério Público brasileiro deixa claro à população que
eventual aprovação da PEC 37 serão produzidos nefastos efeitos no
combate à criminalidade, representando um verdadeiro acinte à cidadania e
o enfraquecimento do processo de democratização em curso em nosso país.
Menos agentes públicos e Institucições investigando, significa mais
crimes e mais corrupção e improbidade. É determinante que toda sociedade
brasileira se junte em um uníssono coro de vozes contra essa manobra
que em nada interessa ao cidadão de bem, antes pelo contrário, tem como
principal alimento o robustecimento da corrupção e da criminalidade que
ainda persistem em nosso país, na medida em que almeja calar e impedir a
atuação investigatória de importantes Instituições.

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